13 julho 2007

ESCAPE LOUSADA 2007

03 julho 2006

ESCAPE LOUSADA 2006

16 setembro 2005







VIII PASSEIO MOTOTURÍSTICO
MOTO CLUBE DE LOUSADA


“TERRAS DO DEMO”

17 de Setembro 2005


Entre os caminhos da Beira Alta que se prendem com a obra do Mestre Aquilino Ribeiro, encontramos os concelhos de Moimenta da Beira e Sernancelhe. Um roteiro de memórias e fascínios. As montanhas e os vales, as gentes e os costumes que serviram de cenário a Aquilino Ribeiro, o escritor das "Terras do Eterno". As denominadas «Terras do Demo» situam-se numa área geográfica que abrange todo o concelho de Vila Nova de Paiva e parte de Moimenta da Beira, Sátão e Sernancelhe, no distrito de Viseu. Uma das mais peculiares regiões do país: as Terras do Demo, centralizadas na Serra da Nave, mas sempre com vista para o Montemuro, o Caramulo e até a Serra da Estrela. As suas gentes, que ainda surgem ao visitante como «mensageiros de um tempo recuado» – rostos expressivos cuja alma está intrinsecamente ligada ao espaço físico, duro e cinzento no Inverno, quente e amarelo no Verão e que permitem, a quem se aventure nesta «viagem», perceber porque é que naquelas terras há «nove meses de Inverno e três de inferno (Verão)». Ali, onde se sobrevive com o fruto de «montanhas de trabalho» aplicado nas pequenas leiras, como há 50 anos, continua-se a ter medo dos uivos dos lobos em redor dos rebanhos da Lapa e as noites ainda são feitas de lendas e de crenças míticas, como o «fauno» que anda pêlos bosques em busca das donzelas «desprevenidas». Aliás, «Andam Faunos pêlos Bosques» é, como se sabe, um dos romances do grande escritor. Ainda há pessoas que retiram uma parte significativa do seu sustento das propriedades comuns (baldios) pêlos quais Aquilino Ribeiro se bateu no belo livro «Quando os Lobos Uivam», que o levou então a ser perseguido por Salazar (foi preso e julgado) porque era vontade do ditador plantar pinheiros onde o gado se aumentava e as pessoas recolhiam há séculos tudo que a terra lhes dava: água, lenha, estrume. Ainda existem, nas «Terras do Demo», pessoas que não acreditam que o Homem tenha chegado à Lua, mas sabem qual o tempo que vai fazer durante o dia, só pelo cheiro que a terra emana ao acordar de madrugada. Ainda há pessoas que nunca foram a uma cidade, mas sentem que, «apesar de tudo», vale a pena viver nas terras que têm nome de Diabo. Nas "Terras do Demo", o centro espiritual é a Senhora da Lapa; há também o património arquitectónico, religioso e particular, onde sobressaem o Convento das Freiras, em Moimenta da Beira, a Capela da Lapa, Sernancelhe, e os imensos solares da região, bem como os miradouros situados próximo do Santuário da Lapa, de onde se vislumbra ao longe Aguiar da Beira (Sul), Trancoso (Este), Lamego (Oeste) e a Forca (Norte). Nos dias de hoje, as diferenças entre a realidade e os relatos de Aquilino Ribeiro, feitos na vasta lista de obras publicadas, só nas vilas são perceptíveis, devido ao fenómeno da diáspora que nas décadas de 50 a 80 levou os «filhos do Demo» aos quatro cantos do mundo em busca de melhor vida. Tudo o resto, aldeias, lugarejos, caminhos, montes, vales e gentes, constituem uma espécie de «viagem ao passado». (...) " Aqueles lugares, incrustados na Serra da Nave, passaram a ser as Terras do Demo (...) São-no de facto? Suponho que sim, tanto pelo agreste do meio como pela vitalidade furiosa dos habitantes!..." Aquilino Ribeiro ficou para sempre anfitrião destas terras bravas, onde diz que Cristo não passou, nem El-Rei. Terras de homens ficaram sempre, modeladas por suor, vidas trocadas por um pouco de pão, terras de bichos que aqui são irmãos dos homens, num convívio de natureza que pertence só aos tempos míticos. Por tudo isto e face à beleza indescritível destas terras, convidámo-lo a participar nesta aventura ás Terras do Demo.

Drª. Sandra Sousa